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  • Marcelo Bones

7º Festival de Teatro de Rua de Porto Alegre


Foto: "Ritual de Sobrêvivencia Urbana" - Projeto Ecopoética (Porto Alegre – RS)


Os festivais de artes cênicas não sofrem de monotonia. Cada festival é um festival e cada edição, uma edição diversa e distinta. Acompanhando desde o primeiro ano e colaborando em várias edições, me surpreendo sempre com o vigor e a abrangência do Festival de Teatro de Rua de Porto Alegre. Começou singelo nas suas pretensões e hoje alcança o status de maior festival dedicado à arte de rua do Brasil. E este “maior​” não é uma questão de porte, número de espetáculos, abrangência na cidade, etc. Este “maior” se reflete na caminhada da construção de um pensamento orgânico e reflexivo sobre a produção das artes cênicas de nosso país. Ele assume um papel não só de apresentar para a cidade uma coleção de interessantes espetáculos, mas também de propositor de um “discurso” reflexivo sobre a própria cidade.






















Foto: "Silêncio Ensurdecedor" - Kumulus Company (França)



Crescendo a cada ano e agora potencializado nesta 7ª edição, o festival soube contrapor-se a um conceito reduzido, generalizado e pobre do que normalmente se chama de teatro de rua. Buscando a intervenção, a performa​nce e outras linguagens além do teatro, o festival consolida sua vocação de deixar explícita a diversidade e a singularidade do que podemos entender hoje da arte feita na rua.


Com sua internacionalização e com a continuidade de projetos de estruturação do setor das artes cênicas e não só do teatro de rua – exemplificada na Rodada de Negócios -, é natural que os momentos de reflexão e capacitação ​ampliem a pot​ência do festival para muito além das apresentações eo transformem num importante espaço de criação de um pensamento crítico sobre como e o que estamos produzindo para ocupar artisticamente as ruas.


A programação deste ano segue avante com uma representação forte de ações artísticas de várias partes do Brasil. Interessante notar as possibilidades de vários espetáculos se mostrarem “condutores” do seu público e não enraizad​os​ em um só local de apresentação. Creio que temos aí uma boa amostra desta “tend​ência” que usa a cidade em movimento. Resignificando as ruas, avenidas, casas, prédios, monumentos, pessoas, bichos, edifícios históricos, espaços abandonados, gramas, lagos, chafariz, passeios, postes e mais uma infinidade de elementos da cidade como um cenário em movimento, estas propostas desvelam o cotidiano, apresentando ​em sua ​diversidade, surpresas através destes percu​rsos artísticos. Uma nova “polis”, repleta de contradições e belezas.























Foto: "Flor da Vida" – Teatro Mototóti (Porto Alegre – RS)



Outro destaque que tenho o prazer de admirar por todos estes anos no FITRUPA é a força e vigor da produção cênica do Rio Grande do Sul. Incrível como os gaúchos têm atendido ao chamado contemporâneo de ocupação dos espaços públicos brindando-nos com espetáculos e intervenções fortes e expressivas. Esta sem dúvida é outra importante contribuição do festival, provocando e dando dimensão nacional a uma produção ga​úcha de altíssima qualidade.


Com mais uma edição, o Festival se apresenta para a cidade, mudando o seu cotidiano e compartindo também com o cidadão de Porto Alegre a deliciosa aventura de sair de sua possível monotonia.


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