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  • Ângela Mourão

Festival Santiago a Mil

O Observatório dos Festivais foi ver, mais uma vez, o que acontece do outro lado da montanha: Festival Internacional Santiago a Mil


Um festival potente e muito articulado! Assim encontramos mais uma vez em 2015, em sua 22ª edição, este festival que acontece desde 1994 em Santiago do Chile.


Um festival enorme, com o tema “A Hora é Agora” com obras de vários países de diversos continentes traz um aspecto muito interessante que é a divisão da programação em focos:

Brilhantes Europeus – obras de grandes diretores da Europa

Latinoamérica now – espetáculos de teatro, dança e música do Chile, Argentina, Uruguai, Bolívia, Peru e México.


A força do corpo e descobrindo um novo circo – dança e artes circenses

Viagem Familiar – espetáculos para crianças e toda a família

Clássicos Reloaded - velhas histórias do teatro e da literatura

Chile Intercultural – a globalização, a migração e culturas originárias

Tesouros da Ásia – espetáculos vindos do oriente

Músicas para Compartilhar – espetáculos de caráter musical com forte componentes de teatro e dança

Tocatas Mil – shows de música no ponto de encontro


Em 2015, o Santiago a Mil apresentou 94 espetáculos do Chile, México, Argentina, Peru, Bolívia, Uruguai, Brasil, Espanha, França, Suécia, Bélgica, Itália, Portugal, Grécia, Alemanha, Reino Unido, Israel, Nova Zelândia, Austrália, China, Coreia do Sul, Índia, África do Sul e Iran.


Muito interessante também a capacidade do festival em tomar a cidade! Ocupa muitos espaços oficiais com atividades, por exemplo, no centro cultural do Palácio de la Moneda! E o espetáculo de encerramento foi na praça de fundos do palácio! Por outro lado, ocupou também a periferia, como, por exemplo com o único representante brasileiro em todo o festival – o espetáculo do Teatro da Vertigem, Bom Retiro, que lá tomou o nome do bairro onde foi apresentado: Patronato 999 metros (aliás, foi um momento especial do festival por sua ousadia na ocupação!).


Outro destaque é para a capacidade de articulação do festival. Ele tem uma atitude muito clara de promoção do teatro chileno para internacionalização. Para isso o festival faz várias co-produções com grupos e produtores chilenos, às vezes com participação de artistas de outros países, e realiza o Platea que é um encontro do programadores e curadores, convidados pelo festival por uma semana para assistir prioritariamente espetáculos chilenos e participar de mesas e debates sobre ações variadas. Participaram, em 2015, 170 programadores de todo o mundo e mais de 40 espetáculos do Chile e América Latina.


Embora tenha havido somente um espetáculo brasileiro em todo o festival, o que consideramos muito pouco, estiveram presentes no Platea 20 artistas e produtores brasileiros, grupo no qual estamos incluídos, que foram beneficiados por um edital do Minc para a cobertura das passagens e gastos de hospedagem e alimentação para apresentar suas propostas artísticas para este conjunto de programadores presentes. Foi uma iniciativa interessante, embora ainda muito incipiente e com nenhum acompanhamento por parte do ministério. Os artistas brasileiros tiveram um momento específico, embora muito informal, para fazer uma rápida apresentação (5 minutos) e a partir daí procurar estabelecer conversas informais e distribuir seus materiais de divulgação e contato.


O Festival, produzido e dirigido pela Fundação Teatro a Mil, uma associação sem fins lucrativos, que conta com grandes somas de patrocínio público e privado, é uma referência muito importante na América e no mundo. E é superimportante, inclusive no Chile: em fevereiro de 2014, uma das duas diretoras do festival assumiu o cargo de Ministra da Cultura! E esteve pessoalmente presente no festival oferecendo um almoço de boas-vindas a estes participantes do Platea 15. E também estava lá, na praça, na plateia do espetáculo de encerramento.


Valeu muito à pena atravessar mais uma vez a Cordilheira dos Andes, da maneira solene e cuidadosa que os pilotos do avião estabelecem, para tentar diminuir a grande distância que para além das montanhas, ainda nos separa do “resto” da América Latina.



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